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Sonhei com minha avó materna

receita pudim de pão Vó Aldenora

Sonhei com minha avó materna. Está chegando o aniversário dela. Deve ser por isso.

No sonho, ela dizia alguns dos seus bordões: “Que bom…” e “Sê besta, bode.”. Ela dava sua risada: quase uma gargalhada com aquele movimento de inclinar a cabeça para trás enquanto ria. Ela usava trança. Uma apenas. Feita com aquele cabelo longo que ela se recusava a cortar. Foi esse penteado que fez com que a apelidássemos de “Trancinha Justiceira” por algum motivo que me fugiu à memória agora.

No sonho, minha avó servia suas comidas. Ninguém podia visitá-la e sair de lá sem que comesse alguma coisa. Hábitos de gente nordestina e generosa. Às vezes, chegávamos lá e tinha pudim de pão, receita dela, sem uva passas, sem leite condensado. Cuscuz de arroz. Beijus eram feitos com um auxiliar que besuntava margarina neles. Tortas de bacalhau e camarãozinho seco. Essas duas eram receitas especiais do almoço de Páscoa em família, quando minha avó e meu avó ainda moravam numa casa com um quintal enorme, mangueira e goiabeira. Época de lanches no domingo à tarde com todos os filhos, filhas, netos e netas e muitas outras pessoas.

Às vezes, minha avó contava histórias do tempo com os filhos pequenos lá no Maranhão. Ela era linha dura de verdade. Mas penso que um jeito seu de cuidar. Tinha que se virar quando meu avô sumia pelo mundo por meses ( história para outro dia). E os filhos e filhas também não era “flor que se cheire”. Os tempos eram outros. Cada um faz o melhor que pode. Penso assim.

Do sonho, não lembro do assunto da nossa conversa. Mas sei que foi boa.

Pela manhã, acordei com uma saudade gostosa.

Minha avó partiu para a eternidade tranquilamente na cama do seu quarto, em seu apartamento, no início de uma tarde. Tomou banho, comeu frango ao molho, deitou-se e partiu em paz para se encontrar com Deus. A expressão no seu rosto era de serenidade. Era uma mulher de fé. Muitos anos de igreja. Muita oração e generosidade, às vezes, até exagerada. Creio que viveu bem, segundo o que acreditava ser uma vida boa.

Deixou para mim, ou fui eu que peguei de sua agenda quando ela partiu, um pedaço de papel com sua receita de pudim de pão, escrita à mão por ela mesma. Acho que vou refazer a receita no dia 23/10, data do seu aniversário.

Penso que esta mensagem não vai chegar aí no céu, hoje, vó. Mas, na eternidade, creio no rever de algumas coisas que aconteceram depois que partimos desta vida. Então, acho que, em algum momento, você vai tomar conhecimento desta mensagem. Assim, feliz aniversário, vó.



Uma resposta para “Sonhei com minha avó materna”.

  1. Obrigada por disponibilizar a receita do pudim! Vou fazer por aqui! ♥️

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